Memórias

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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Bailes dos anos 50...

Diz o povo, que “recordar é viver” e eu acrescento que, quando as recordações são positivas, parece haver o “rejuvenescer” de um sentimento que junto a uma saudade doentia por vezes se torna dolorosa. Talvez por não se ter ficado saciado e o vazio que ficou nos dar esta sensação de dor.
Escrevo este sentimento, lembrando o que tive e o que passei até à minha maior idade (21 anos) pois o pouco de bom quando aparecia era vivido com alguma loucura.
 Não são muitas, mas as que houve, recordo-as como se as estivesse ou pudesse repetir.
Recordar os bailes dos anos 50, princípios de 60 do século 20 é como ficar extasiado. Era praticamente a minha única diversão. Tinha baixos custos, ricos em convívio e servia de fuga a situações que eu não devia assistir. Acrescentando o gosto que sempre tive em dançar (nunca passei de um dançarino medíocre) era com elevada agitação que vivia o aproximar dos fins-de-semana em que podia ir ao baile.
 Como não detinha a possibilidade de utilizar transportes públicos (os cinco “paus” eram para pagar a entrada e pouco mais), percorria distâncias de quilómetros para me divertir em tão bom e saudável passatempo. Era novo e o cansaço não aparecia. A alimentação era esquecida e a “gordura corporal” não me incomodava; só tinha de evitar que os ossos não me furassem a pele. Eram condições que abonavam para a minha ligeireza no dançar e para a rapidez das deslocações, que comparadas com as de alguns amigos me davam certas vantagens. Ser pobre não tem tudo de mau!
 Para falar destes bailes, não posso deixar de acrescentar, que na maior parte das vezes eram feitos em povoações pequenas, simples e humildes nas gentes que as formavam, de poder económico quase inexistente, mas onde a pureza, seriedade, sentido de ajuda e a educação estavam acima de tudo.
 A falta destes bens na sociedade de hoje, comparado com a pureza do viver daqueles tempos, mais aumenta a minha tristeza nas recordações daquela época.
 Com os bailes aqui descritos, junto os namoricos que se arranjavam pela oportunidade de diálogo que havia entre os pares na dança. Muitos acabavam em casamento, no qual eu incluo o meu e sem necessidade de pedir ou aceitar namoro.


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